quinta-feira, 8 de abril de 2010

Grande disco

* Ricardo Schott

No Brasil, vai entender o motivo, poucas bandas procuraram entender o rock pós-grunge. Ou mesmo reproduzi-lo, ou usá-lo como base. Ou qualquer coisa. Com raras exceções (e praticamente nenhuma dela dizendo “presente!” no mainstream), depois da morte de Kurt Cobain, o som de três-quatro acordes feito no Brasil, engatou a quarta marcha e seguiu na direção do skate-rock, passando direto pela estética e pelo estilo Charlie Brown Jr de ser e de viver. E seguindo, com poucas escalas, até o som de Los Hermanos. Aparentemente, só Pitty chega perto de ser a versão brasileira de um guitar rock nada indie, nada afetado e com uma atitude mais próxima dos anos 70 e 90.

Louvável que uma banda como os Superguidis, com repertório cheio de canções emocionantes e guitarras pesadas – um estilo que foi seqüestrado pelos moleques do emo e recusa-se a se renovar no Brasil – exista e chegue ao terceiro disco. Tem muito de Foo Fighters, Smashing Pumpkins e Sonic Youth (além do próprio Nirvana) ali sim. Mas tem muito da cara própria deles, da felicidade em fazer refrões e melodias bacanas como as de Não fosse o bom humor, Fã clube adolescente, Quando se é vidraça e Visão além do alcance. E de usar uma referência que, para ouvidos atuais pode até soar alienígena (a abertura do álbum é com uma balada acústica, lindíssima, chamada Roger Waters).

Os gaúchos continuam numa linha que agradaria bem mais se saísse dos circuitos independentes e chegasse às rádios. O som tem lá seus lados românticos, mas sem apelar (em De mudança), embora o grupo prefira mesmo é botar na frente sua faceta mais crua, que não precisa de muitas frases bem sacadas nas letras para soar bem no ouvido. Grande disco.

* Laboratório Pop.

2 comentários:

  1. se com esse disco a Superguidis não conseguir alcançar reconhecimento nacional, eu realmente desisto de vez do Brasil. E não sei pq,mas tenho a impressão que isso vai acontecer, e não é dizer que o povo tem ouvidos despreparados: é dizer que a mídia aqui é despreparada, burra e viciada nas mesmas fórmulas.

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  2. e esse disco tá grunge pra cacete... revoltado e grungento(grudento) assim nem preciso dizer quem que mandou a mensagem...

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